O que é viver? Por Carina Mengue
Vivemos em um tempo de comparações, de busca pela perfeição, correndo contra o tempo para dar conta de tudo – tudo que os padrões inacessíveis da vida online dizem que é o certo, que é o que tem que ser feito.
Vivemos em um tempo onde a insatisfação consigo mesmo tem trazido um sentimento de frustração e derrota, porque poucos alcançarão o padrão que o mundo nos impõe.
Vivemos em um tempo de desesperança, quando muitos sonhos foram frustrados e as expectativas se esvaíram. Os dias tem sido difíceis para muitas pessoas.
Fazemos planos acerca de coisas como carreira profissional, uma velhice confortável, aquisições patrimoniais, corpo escultural, alimentação regrada e saudável, casamento feliz, agenda com tempo para estudar, tempo para sair com as amigas/os, tempo para estar com a família, tempo para meditar/orar, tempo para o marido/esposa, tempo com os filhos, tempo para se exercitar, tempo para relaxar, tempo para dormir, …. e essa busca é infinita e inalcançável.
Estamos doentes, ansiosos, cansados, esgotados fisicamente e mentalmente. Estamos vivendo só pelo final de semana, só pelo feriado, só pelas férias, só pela aposentadoria. Estamos vivendo só por aquele momento de parar. E mesmo assim não paramos, porque temos que postar nas redes sociais, temos que encontrar o melhor ângulo para a foto, temos que mostrar que estamos felizes, temos que mostrar que estamos aproveitando a vida, que temos uma vida equilibrada, que estamos fazendo tudo que dizem que preciso fazer para a vida ser saudável, satisfatória, leve e feliz. Mas na verdade, a vida não está leve, não está saudável e muito menos feliz.
O que está acontecendo com o mundo?
Aonde nos perdemos?
Qual a razão de tudo isso?
O que realmente buscamos?
Estamos sempre correndo, sempre atrasados, sempre cheio de compromissos.
O que tem de legal nisso tudo?
A crença de que viver com qualidade de vida é privilégio de quem tem tempo e dinheiro, tem levado pessoas a pensamentos equivocados sobre bem viver e tem causado doenças psicossomáticas e isso é preocupante. Temos dado pouco espaço ao que realmente importa.
Para concluir, deixo com vocês à fábula do pescador e do homem de negócios, cuja leitura sempre vale a pena para reflexão.
Um homem de negócios estava passando suas férias em uma pequena vila de pescadores. Depois de receber um telefonema que o deixou estressado ele saiu da pousada e foi para a praia esfriar a cabeça. Foi aí que observou um pescador voltando do mar em um pequeno barco com uma quantidade pequena de peixes frescos.
O homem de negócios aproximou-se do barco e ficou fascinado com a beleza dos peixes. Ele parabenizou o pescador e perguntou quanto tempo levou para que o pescador trouxesse aqueles peixes.
“Só um tempinho”, respondeu o pescador.
“Porque você não ficou mais tempo e pegou mais peixes?” perguntou o homem de negócios.
“Eu peguei peixe suficiente para mim, minha família e até mesmo para dar um pouco para os meus amigos”, ele disse.
“Mas o que você faz com o resto de seu tempo?”, indagou o negociante.
O pescador sorriu e respondeu com um tom calmo e relaxado: “Eu brinco com meus filhos, tiro uma soneca e à noitinha eu dou uma caminhada na praia com minha esposa e toco violão com meus amigos. Eu tenho uma vida muito boa!”
O homem de negócios decidiu que era melhor aconselhar o pescador: “Olha, eu vou lhe ensinar um pouco sobre negócios. O que você deve fazer é passar mais tempo pescando e vender o peixe que você não consumir. Com o dinheiro extra que você vai ganhar você pode comprar um barco maior e empregar algumas pessoas para lhe ajudar. Logo você terá dinheiro suficiente para comprar vários barcos e eventualmente abrir uma empresa.” Ele continuou. “Olha, uma vez que sua empresa tenha crescido, você começa a exportar seu peixe. Aí você começa a vender direto ao consumidor, sem intermediário, controlando o produto, o processamento e a distribuição. Aí você se muda para uma cidade grande e emprega os melhores gerentes do mundo para lhe ajudar a expandir o seu negócio.”
O pescador questionou: “Mas senhor, quanto tempo vai levar isso tudo?”
Ao que o homem de negócios respondeu: “Quinze a vinte anos, no máximo.”
“E depois, o que faço, senhor?” perguntou o pescador.
O homem de negócios sorriu e respondeu: “Aí é que vem a grande recompensa! Na hora certa você vende as ações de sua empresa ao público e torna-se muito, muito rico, com milhões de dólares em seu nome.”
O pescador ainda não tinha entendido bem o propósito de tudo aquilo: “Milhões de dólares? E o que eu faria com todo esse dinheiro?”
E o negociante respondeu: “Você se muda para uma pequena vila de pescadores no litoral, dorme até mais tarde, brinca com seus filhos, ou melhor, com seus netos. Tira uma soneca e à noitinha vai dar uma caminhada na praia com sua esposa e tocar violão com seus amigos.”
“Mas já não é isso que eu faço hoje, Senhor?”, respondeu o pescador.
Qualidade de vida pode ter muitos significados. Reconheça aqueles que se adaptam melhor aos seus planos de realização de vida e vá viver a sua história.
Cuide-se!
Até a próxima!
Meu abraço cheio de amor,
Carina Mengue.
Muito bacana carina