Brasil tem apenas 11% das crianças de até 5 anos vacinadas contra Covid, aponta Fiocruz
De acordo com o boletim Observa Infância, elaborado pelo Icict (Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde) da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), apenas 11,4% das crianças com menos de cinco anos possuem o esquema vacinal completo (duas doses da Coronavac para crianças de 3 e 4 anos, ou três doses da Pfizer pediátrica para bebês de seis meses a quatro anos, 11 meses e 29 dias).
Esse percentual representa um pouco mais de 5,29 milhões de doses aplicadas. A população estimada no país para 2023 nessa faixa etária é de 13.122.252 crianças.
Ao levar em conta as diferenças de faixa etária, a disparidade é ainda mais significativa nos bebês de 6 meses a 2 anos de idade, com apenas 2,9% deles completando o esquema vacinal (três doses), em comparação com 21,7% nas crianças de 3 e 4 anos.
Quanto ao total de doses administradas nessa faixa etária, a vacinação com esquema completo representa menos de um terço (28,1%) das doses aplicadas. O percentual de primeiras doses administradas é cerca de três vezes maior.
Dados do Ministério da Saúde de julho de 2023 mostram que 80 crianças com até quatro anos faleceram no país devido à Covid entre janeiro e julho. Desses, 23 tinham entre 1 e 4 anos, resultando em uma média de aproximadamente um óbito por semana nessa faixa etária.
Ainda que a Covid não seja mais considerada uma emergência sanitária, a pandemia persiste, com casos, hospitalizações e mortes, inclusive em crianças. As internações por SRAG (síndrome respiratória aguda grave) em crianças com até cinco anos continuam elevadas em várias regiões do país.
Cristiano Boccolini, pesquisador do Icict e coordenador do Observa Infância reforça a importância da vacinação, especialmente nas crianças com até dois anos, que são mais suscetíveis a formas graves da doença. Ele enfatiza que, infelizmente, a crença de que crianças não eram afetadas pela Covid não condiz com a realidade, já que cerca de duas crianças com menos de cinco anos faleceram por dia devido à doença nos primeiros dois anos da pandemia.