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SOS EDUCAÇÃO. Por Ana Dalsasso

Por Ana Maria Dalsasso05/12/2023 16h00

Em toda minha trajetória de vida, como profissional da educação, acumulei experiências que renderam grandes lições, que talvez nem uma faculdade me daria. E, sirvo-me de algumas delas para registrar minha preocupação com os rumos que a educação vem tomando.

Estudar e evoluir é nossa obrigação; colocar em prática os ensinamentos apreendidos é a concretização da teoria adquirida. E aí começam realmente as nossas “provas”, para muitas das quais não fomos preparados. Preparamo-nos para tantas provas no decorrer da vida acadêmica, muitas das quais passamos raspando, ou até mesmo apenas decoramos conteúdos para tirar a “média”. Chegamos ao fim da graduação acreditando que estamos prontos para enfrentar nosso maior desafio mas, quando a realidade se apresenta, damo-nos conta de que pouco, ou quase nada sabemos. Então, percebemos que a teoria sozinha não nos faz caminhar. Nosso maior aprendizado começa no exercício da profissão. Quem passou “colando”, não terá de onde colar agora; quem matou aulas ou não estudou, não tem embasamento para pôr em prática. Na vida profissional somos submetidos a provas todos os dias. A luta pela nota máxima é cotidiana. Sempre haverá alguém à frente e atrás de nós, precisamos correr para não sermos atropelados. O mundo não tolera os medianos.  Nem uma empresa quer um funcionário mais ou menos. Todas querem alguém que venha somar…  Só soma quem detém o conhecimento, que deve ser renovado cotidianamente. No mercado competitivo quem estaciona, regride.

Como educadora, registro minha preocupação e indignação com o que temos acompanhado em relação à educação. Enquanto empresas evoluem e primam pela alta performance de seus colaboradores e serviços, a educação caminha para uma falência sem precedente. Sou da geração que ensinou Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política do Brasil, Preparação para o Trabalho, Artes (no real sentido da palavra), além das disciplinas básicas, mas acima de tudo aprendemos e ensinamos: respeito, responsabilidade, moral, ética, comprometimento, e tantos outros valores que formaram uma geração responsável, comprometida com a vida.

Assusto-me com o que assistimos diariamente em grande parte das escolas. Não bastasse a carência na estrutura física, a falta de formação dos professores, as verbas desviadas, o desinteresse das famílias, temos que conviver com a insegurança no ambiente escolar. Aluno que bate em professor, grande parte dos professores doutrinadores empurrando a juventude para o descaminho. As escolas estão se tornando massa de manobra com uma inversão total de valores, famílias alienadas, jovens desorientados, a droga entra na escola facilmente, falta valorização da vida. E admite-se:  grande parte dos educadores não tem habilidade para lidar com tal situação.

Lecionei no tempo em que o professor era avaliado pelo percentual de aprovação de sua classe, com provas rigorosas (vistoriadas pela direção), cuja aprovação dependia estudo exaustivo. Éramos cobrados pela Secretaria da Educação, através da direção da escola, que também tinha responsabilidade pelo sucesso de cada classe. Sem tecnologia, sem muitos recursos se fazia educação de qualidade. Foi com o advento da chamada promoção automática que teve início o caos no sistema educacional, por falta de preparação dos profissionais da educação. Sem reprovação, alunos, professores e pais se acomodaram e a cada ano pior se tornava o ensino. O Brasil é um país entre as dez mais poderosas economias do mundo, admirado pela capacidade econômica da natureza, mas ainda tem treze milhões de homens e mulheres com mais de 15 anos que são analfabetos. De quem é a culpa?

A educação tem questões sérias a serem resolvidas. A maior delas é a doutrinação. É preciso se ter em mente que a função concreta da escola é a formação de base científica e solidariedade social. É preciso que se imponha limites aos desmandos na educação. Quem poderá fazer isso? Nós professores…  Temos o compromisso com as gerações futuras e nossa consciência nos cobrará pela negligência de hoje.

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