ANVISA mantém proibição de comercialização de cigarros eletrônicos no Brasil
O cigarro eletrônico pode entregar até 20 vezes mais nicotina do que o comum e afetar ainda pulmões e o sistema respiratório
A decisão unânime dos diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reafirmou a proibição da comercialização dos cigarros eletrônicos no país, uma medida em vigor desde 2009. Segundo a Anvisa, permanece vedada a comercialização, fabricação, importação, transporte, armazenamento e propaganda dos dispositivos eletrônicos conhecidos como vapes.
Nos últimos anos, observou-se um alarmante aumento no número de usuários de cigarros eletrônicos no Brasil. De acordo com dados da Anvisa, o número de fumantes desses dispositivos cresceu 600% no período de 2018 a 2023, passando de 500 mil para quase 3 milhões no ano passado. Em Santa Catarina, nesse mesmo período, o consumo desses produtos aumentou 2%.
Para o professor do Instituto de Educação Médica e Cirurgião Torácico Dr. Ismael Rodrigo Dias, o uso prolongado do cigarro eletrônico representa uma ameaça à saúde dos jovens, que são os principais adeptos . “O principal risco é a nicotina, que causa dependência física. O uso contínuo desses dispositivos está tornando os jovens cada vez mais dependentes dessa substância”, alerta o professor.
Estudos recentes apontam que os principais riscos à saúde associados ao uso do cigarro eletrônico são semelhantes aos do cigarro convencional, incluindo doenças respiratórias, câncer de pulmão e doenças cardiovasculares. O doutor Ismael destaca que o cigarro eletrônico pode fornecer até 20 vezes mais nicotina do que o cigarro comum, aumentando assim o risco de dependência.
Além disso, os cigarros eletrônicos afetam diretamente os pulmões e o sistema respiratório dos usuários. “Os vapes contêm vitamina E, que, quando aquecida, gera uma fumaça inalada pelos usuários. Esse óleo pode se depositar nos pulmões, causando uma condição conhecida como EVALI, uma pneumonia relacionada ao uso de cigarros eletrônicos”, explica o doutor Ismael. O uso crônico desses dispositivos pode levar a complicações respiratórias graves e até mesmo ao desenvolvimento de lesões cancerígenas no pulmão.
Apesar da proibição, os cigarros eletrônicos ainda podem ser adquiridos ilegalmente em tabacarias, bancas de jornais e pela internet, com preços variando de 100 a mais de 700 reais conforme o modelo.