Violência contra idosos: Palestra em Orleans vai destacar direitos e prevenção
Na manhã desta quinta-feira, 13, os estúdios do Jornal da Guarujá receberam duas importantes convidadas para discutir um tema urgente e relevante: o Junho Violeta, mês dedicado ao combate à violência contra a pessoa idosa. Flávia Cardoso, Presidente do Conselho da Pessoa Idosa, e Inês Damázio Zomer, Vice-Presidente do Conselho da Pessoa Idosa, trouxeram à tona questões que permeiam essa realidade muitas vezes silenciosa.
O destaque do encontro foi a divulgação de diversas ações programadas para Orleans durante este mês, incluindo uma palestra sobre os tipos de violência e os direitos do idoso, com a psicóloga Ana Paula Silva Volpato. “Durante este mês, diversas ações estão sendo realizadas em Orleans, entre elas a palestra com a psicóloga Ana Paula, que será realizada nesta quinta-feira, às 14h, no Centro de Convivência da Terceira Idade”, explicou Flávia.
Flávia e Inês compartilharam suas experiências e conhecimentos sobre a temática, destacando a importância de conscientizar a população sobre os direitos dos idosos e as diversas formas de violência que podem sofrer, muitas vezes dentro de seus próprios lares. “É um tema que ainda traz muita preocupação no Brasil”, afirmou Inês. “As pessoas têm medo, às vezes, até de falar e de pôr em prática”, completou.
Inês, que também é membro ativo da pastoral da pessoa idosa, relatou casos de violência patrimonial e negligência, enfatizando a necessidade de apoio e proteção para os mais velhos. “Já tivemos casos muito tristes, como o de filhos que jogam a roupa da mãe na rua”, contou Inês. “É uma violência muito grave contra a pessoa idosa”, acrescentou.
Flávia esclareceu os procedimentos para obtenção da carteirinha do idoso, garantindo que os aposentados não precisam solicitar, pois o direito já está assegurado pelo Estatuto do Idoso. “Quem é aposentado não precisa fazer a carteirinha”, destacou Flávia. “Basta apresentar a identidade e o holerite do pagamento.”
Durante a conversa, as convidadas também destacaram a importância do Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado em 15 de junho, como um marco para ampliar a visibilidade e a defesa dos direitos dos idosos. “Foi instituído pela ONU em 2011”, explicou Flávia. “É um dia para as pessoas procurarem ter os seus direitos”, complementou Inês.
Ao final da entrevista, Inês e Flávia reforçaram o convite para que a comunidade participe da palestra e conheça mais sobre como prevenir e combater a violência contra os idosos. “É um chamado para todos nós, filhos, cuidadores, familiares, estarmos informados e conscientes, pois só assim podemos proteger aqueles que tanto contribuíram para nossa sociedade”, concluiu Inês.
Saiba quais são as violações mais recorrentes
Violência física
Os abusos físicos constituem a forma de violência mais perceptível aos olhos dos familiares, mas nem sempre o agressor irá cometer agressões que sejam tão perceptíveis como espancamento com lesões ou traumas que possam chamar a atenção. Em algumas situações, os abusos são realizados na forma de beliscões, empurrões, tapas ou agressões que não tenham sinais físicos.
Abuso psicológico
A violência psicológica também é crime passível de pena de detenção. Ela ocorre em atos como agressões verbais, tratamento com menosprezo, desprezo ou qualquer ação que traga sofrimento emocional como humilhação, afastamento do convívio familiar ou restrição à liberdade de expressão
Negligência, abandono e violência institucional
Os casos de negligência e abandono ocorrem quando há recusa ou omissão de cuidados que podem acarretar sérios prejuízos ao bem-estar físico e psicológico da pessoa idosa. Infelizmente esse é um ato muito comum, pois se manifesta tanto no seio familiar como em instituições que prestam serviços de cuidados e acolhimento a pessoas idosas.
Abuso financeiro
A violência financeira é caracterizada pela exploração imprópria e ilegal ou uso não consentido dos recursos financeiros da pessoa idosa. O violador se apropria indevidamente do dinheiro e cartões bancários da pessoa idosa utilizando o valor para outras finalidades que não sejam a promoção do cuidado. Geralmente acontece por parte de familiares, conhecidos e instituições financeiras. Alguns idosos são vítimas deste tipo de violência devido à falta de informação ou ainda por acreditarem na ação despretensiosa do violador.
Violência patrimonial
É qualquer prática ilícita que comprometa o patrimônio do idoso, como forçá-lo a assinar um documento sem ser explicado para quais fins é destinado, alterações em seu testamento, fazer uma procuração ou ultrapassar os poderes de mandato, antecipação de herança ou venda de bens móveis e imóveis sem o consentimento espontâneo do idoso, falsificações de assinatura. A autonomia da pessoa idosa, enquanto sujeito de direitos, sem dúvida é uma premissa que deve ser respeitada e promovida.
Violência sexual
Os abusos visam obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas através de coação com violência física ou ameaças. Essas violações podem ocorrer na própria casa, cometidas por pessoas da família, e em instituições que prestam atendimento a pessoas idosas. Mulheres idosas com patologias físicas que as impeçam de andar são ainda mais vulneráveis. Atos como beijos forçados, penetração não consentida e toques no corpo são atos mais comumente observados.
Discriminação
Uma atitude discriminatória resulta na destruição ou comprometimento dos direitos fundamentais do ser humano, prejudicando um indivíduo no seu contexto social, cultural, psicológico, político ou econômico.
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