Mente em Sintonia: Psicóloga fala sobre a pressão de fim de ano e como manter a saúde mental
O Jornal da Guarujá recebe, toda última quarta-feira do mês, a psicóloga Vanesa Bagio, no quadro “Mente em Sintonia”. A pauta desta edição é extremamente relevante, pois trata de um fenômeno psicológico que acomete muitas pessoas ao longo de dezembro: a chamada “síndrome de final de ano”, também conhecida como “dezembrite”.
De acordo com a psicóloga, a síndrome não é oficialmente reconhecida como uma condição médica, mas é uma situação comum. “A síndrome de final de ano ocorre quando o estresse, a angústia, a ansiedade e a melancolia se intensificam, principalmente devido ao fechamento de ciclos”, explicou Vanesa. Para ela, é o momento em que as pessoas começam a perceber que o ano está acabando e um novo ciclo se inicia, gerando um sentimento de desespero. “Isso se agrava ainda mais quando as pessoas percebem que não cumpriram as metas que estabeleceram para o ano”, completou.
Vanesa destacou a pressão interna e externa que muitas pessoas sentem para concluir as tarefas que haviam prometido a si mesmas. “É quando as promessas de final de ano não se realizam, e a pessoa começa a se cobrar, tanto no ambiente de trabalho quanto na vida pessoal”, explicou. Esse tipo de cobrança pode resultar em um estado de sobrecarga emocional e ansiedade. “A gente diz que é a síndrome de final de ano porque as pessoas começam a acelerar suas atividades, sem perceber que o ano já passou”, relatou a psicóloga.
Além disso, ela alertou para os sinais físicos e emocionais que podem surgir quando não conseguimos controlar esse tipo de pressão. “A saúde imunológica também sofre, pois as pessoas acabam negligenciando o autocuidado, se esquecendo de beber água, de manter uma alimentação saudável e de descansar. Isso contribui para o estresse e a ansiedade, que se intensificam nesse período”, disse.
Vanesa também mencionou o impacto das redes sociais nesse contexto. “Hoje, as redes sociais trazem uma grande pressão para as pessoas, pois sempre vemos os outros conquistando algo, realizando metas, enquanto nós nos sentimos atrasados ou incapazes”, observou. Ela explicou que isso pode criar uma sensação de frustração, pois a expectativa das pessoas em relação ao que deveria ser cumprido é muitas vezes irrealista.
Sobre as metas de final de ano, Vanesa alertou para a necessidade de estabelecer objetivos alcançáveis. “As metas devem ser mensuráveis e realistas, e não inatingíveis. As pessoas querem que, de um dia para o outro, se transformem em uma versão idealizada de si mesmas. Isso gera uma grande pressão”, destacou a psicóloga. Ela também reforçou que o planejamento deve ser feito ao longo do ano, e não apenas em dezembro. “Não é dezembro que vai resolver tudo. O planejamento deve ser feito durante todo o ano para evitar a ansiedade acumulada nesse período”, aconselhou.
A especialista falou ainda sobre a melancolia que muitas pessoas sentem no fim do ano, especialmente ao refletirem sobre perdas e lutos. “O luto é algo muito presente nesse período. As pessoas lembram dos entes queridos que não estão mais entre elas, e isso pode gerar tristeza e ansiedade. É importante viver o luto de forma saudável, sem se isolar, e buscar conforto nas boas lembranças”, sugeriu Vanesa.
Ela também deu dicas para lidar com as festividades e o estresse da correria de fim de ano. “É importante aprender a dizer não e estabelecer limites. Não precisamos abraçar todas as tarefas e compromissos. Isso só aumenta a ansiedade. Precisamos reconhecer as nossas prioridades e não tentar dar conta de tudo”, recomendou.
Sobre as empresas, Vanesa ressaltou a importância do planejamento para o próximo ano. “Dezembro é o mês de fechar as metas do ano, mas também é o momento de começar a planejar o que está por vir. As empresas devem entender que o planejamento começa cedo, e que o mês de dezembro deve ser um período de revisão e ajustes”, afirmou. Ela também sugeriu que, nas empresas, a cobrança de metas seja acompanhada de motivação e recompensas. “Trabalhar com metas é importante, mas é fundamental reconhecer o esforço das pessoas, especialmente quando o trabalho extra é necessário”, concluiu.
Vanesa também fez uma reflexão final sobre o fim de ano: “Lembre-se de que o ano vai terminar, mas a vida continua. Não se pressione demais para realizar tudo em dezembro. O importante é estar consciente de que você pode sempre recomeçar e que o novo ano é uma oportunidade para novos objetivos, mas com equilíbrio e planejamento.”
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