Saúde Mental do Cuidador. Por Carina Mengue
Olá, leitor.
Esse mês de outubro é marcado pela Campanha do Outubro Rosa – prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Sabemos que receber um diagnóstico de câncer é difícil, um momento delicado e até desesperador. Enfrentar todo o tratamento é desafiador e exige muita resiliência do portador da doença. E durante essa difícil caminhada a pessoa com o diagnóstico irá precisar de cuidados e normalmente esse cuidador é alguém da família. E é dessa figura do cuidador que quero tratar na coluna de hoje.
“Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto abrange mais que um momento de atenção, zelo e desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, responsabilidade e envolvimento afetivo com o outro”. (Leonardo Boff)
Será que estamos preparados para cuidar? E para sermos cuidados?
A responsabilidade de cuidar do outro, por mais bem-intencionada que seja, pode ser um fardo grande demais se não houver o cuidado adequado consigo mesmo.
Quem está em contato íntimo com o paciente no dia-a-dia, de longe é uma tarefa simples; exige doação, renúncia, paciência e muita resiliência. Cuidar do outro não é só auxiliar nas atividades do dia-a-dia como dar banho, dar comida e trocar fralda. São noites mal dormidas, tédio, estresse, medo, gerenciar medicamentos, consultas e exames médicos e fornecer apoio emocional ao doente. A concentração de tantas funções leva ao esgotamento físico e mental, por isso a importância de reconhecer nossos limites e procurar não nos sobrecarregar. É uma questão de equilíbrio.
Cuidar de alguém absorve a sua força física e, principalmente, exige controle emocional. É importante o cuidador não estar em dedicação exclusiva e negligenciar o cuidado com a sua própria saúde. Não tem como cuidar de alguém 24 horas por dia, sete dias na semana e ter saúde. Há tarefas na vida que não podemos fazer sozinhos, e cuidar e dar apoio a familiar doente é uma delas.
Pensa comigo, o que estamos fazendo conosco mesmo quando, ao cuidar tão intensamente do outro, não cuidamos de nós?
Não podemos e nem merecemos ser anulados cuidando de outra vida. Toda vida importa para ser cuidada. O cuidador também precisa de carinho – somente assim ele terá forças para dar conta do recado. E nada de culpa por estar descansando e se divertindo um pouco. O teu autocuidado refletirá na pessoa doente em forma de paciência, amorosidade e mais atenção.
É importante planejamento e diálogo, assim como ter o próprio tempo de lazer, atividades sociais, como ver os amigos, passear e conversar sobre outros assuntos que não estejam relacionados a pessoa doente (paciente). Cuidar com a alimentação, ter a prática de exercícios físicos e cultivar a espiritualidade ajudam a lidar com a situação de uma forma mais leve.
Voltar o olhar para si mesmo não é ser egoísta, é ter auto responsabilidade, é ter consciência que para cuidar da saúde de outra pessoa, primeiramente eu preciso estar com saúde. Então, peça ajuda sempre que sentir necessidade, divida as tarefas com outras pessoas, busque apoio psicológico para manter o autocontrole, evitar o estresse e até mesmo a depressão.
E lembre-se: Aquele que não tem tempo de cuidar da saúde vai precisar arrumar tempo para cuidar da doença.
Cuide-se com amor.
Até a próxima!
Um abraço
Carina Mengue.