A língua é a alma de um povo. Por Ana Maria Dalsasso
Na semana anterior conversamos aqui sobre a importância do uso correto da língua, pois através dela, falada ou escrita, revelamos nossos pensamentos, nosso nível cultural, nossa capacidade de adaptação, nossa forma de ser e ver o mundo. Dominar o idioma não é apenas uma necessidade, mas um dever cívico de todos. Daí o compromisso e a responsabilidade de todo usuário com o que escreve, tanto com o conteúdo quanto com as normas gramaticais.
Fazendo essa breve introdução quero hoje falar do uso indevido e indiscriminado da língua nas redes sociais. A internet veio para facilitar a vida de todos, pois a comunicação que outrora era de difícil acessibilidade, hoje escancarou as portas para o mundo. As pessoas são informadas pelas mais variadas formas, bastando apenas a habilidade de selecionar o que agrega conhecimentos, levando-nos ao crescimento, e descartando as desinformações que desagregam. E aí reside o grande problema da internet, pois muitos ignoram os limites entre o bem e o mal no seu uso. Mas, não falaremos disso hoje. Ficará para um outro dia. O assunto hoje é o mau uso da língua, onde a ausência das regras gramaticais, os erros ortográficos, a sequência lógica, concordância maculam a bela e culta língua portuguesa.
Já comentei que a língua que falamos, tanto pode nos abrir quanto fechar portas. Todos sabemos que hoje empresas mantém-se atentas às redes sociais, tanto para contratar quanto acompanhar a vida de seus colaboradores lá fora. Ficamos fragilizados quando expomos demasiadamente nossas vidas nas redes sociais, por isso muito cuidado.
Deparamos diariamente com erros absurdos, até mesmo por parte de cidadãos letrados, que erram nos detalhes, o que os torna ridículos. Por isso, resolvi resgatar alguns escritos que tenho e, acrescentando outros, deixar algumas dicas interessantes. Fuja de situações que comprometem seriamente a comunicação.
Hoje vamos explorar o verbo “haver” que coloca os desatentos em maus lençóis diariamente. Quem nunca teve dúvida se usa “nada haver” ou “nada a ver” quando quer determinar a incoerência entre dois objetos, dois assuntos, duas situações diferentes? Lembre-se: o verbo “haver” no sentido de existir, nada tem “a ver” com a forma que vem sendo usado. Exemplificando: “Deve haver preocupação com o uso correto da língua, pois o idioma não tem nada “a ver” com nossa displicência ao escrever”. Entendeu?
Mas, não é apenas nessa situação que o tal verbo complica a vida da gente. Mais gritante ainda é a dúvida “houve” ou “houveram”? O verbo “haver” quando empregado no sentido de existir ou indicando tempo decorrido, é impessoal, portanto, não tem sujeito e é sempre usado no singular. Portanto: “ Houve momentos que quase desisti da caminhada”.
Mais uma cilada do verbo “haver”. Usa-se “Há alguns anos atrás” ou “Alguns anos atrás”? Neste caso o verbo “haver” está indicando tempo decorrido (Faz alguns anos) e não admite o uso do advérbio “atrás”. Então, escreve-se: “Há alguns anos” ou somente “Alguns anos atrás”.
É bom lembrar também “há” ou “a” como expressão de tempo. “Há” indica passado e “A” indica futuro ou distância: “Cheguei há alguns minutos, mas partirei daqui a pouco”.
Fica a dica: “Use e abuse do idioma; ele é nosso. Mas, faça-o com responsabilidade e respeito para ganhar credibilidade do mundo que te cerca”.