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Ana Maria Dalsasso Educação
É Professora de Comunicação. Formada em LETRAS – Português/Inglês e respectivas Literaturas, Pós-graduada em Metodologia do Ensino pela Universidade Federal de SC - UFSC, cursou a primeira parte do Doutorado em Educação pela Universidade de Jáen na Espanha, porém não concluiu. Atua na área da Educação há mais de quarenta anos. Em sua trajetória profissional, além de ministrar aulas, exerceu a função de Diretora de Escola Pública, Coordenadora Pedagógica da Escola Barriga Verde, Pró-Reitora de Ensino de Graduação do UNIBAVE/ Orleans. Dedica parte de seu tempo livre com trabalhos de Assistência Social e Educacional, foi membro do Lions Clube Internacional por longos anos, hoje faz parte da AMHO – Amigos do Hospital, além de outros trabalhos voluntários na comunidade e seu entorno. Revisora de trabalhos acadêmicos: Graduação, Especialização, Mestrado e Doutorado.
Aprenda todos os dias. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso17/03/2025 14h00
Como professora, percorri toda minha trajetória profissional (quarenta e nove anos) da educação infantil ao ensino superior. Grande parte em sala de aula, e outros tantos anos na gestão, tanto de ensino básico quanto superior, o que me rendeu uma vasta experiência, e me permite afirmar: mais aprendi do que ensinei. A convivência com estudantes é o melhor laboratório para um professor, pois a história de cada um é a ferramenta que impulsiona a caminhada.
Grande parte dessa caminhada foi como professora de Língua Portuguesa, e por essa razão faço deste espaço uma oportunidade de tentar despertar nos leitores a necessidade de zelar pelo uso correto de nossa língua. Sempre ouvi dos alunos: “odeio português”. Preocupada, mas convicta do meu compromisso como mediadora de conhecimentos, juntava-se a responsabilidade de despertar o gosto e o interesse pelo aprendizado da língua, apesar das regras e convenções que impõe, como qualquer outra língua. Mas, na verdade não é tão rígida assim, desde que nos habituemos a ter contato mais aprofundado para que possamos moldá-la corretamente em nosso cotidiano.
Reafirmo constantemente que a língua portuguesa não é um “bicho de sete cabeças”, e é obrigação de todo brasileiro estudá-la e respeitá-la. É difícil, mas existem diferentes maneiras para aprender memorizar normas e regras para reforçar o seu domínio. Praticar o português correto, tanto falando quanto escrevendo, deve ser um hábito diário. As redes sociais nos mostram diariamente o desleixo com o idioma, pelas postagens feitas de qualquer jeito, repletas de incoerências, ambiguidades, clichês, palavrões, pontuação incorreta, frases mal construídas, falta de concordância e de acentuação, erros de ortografia e de digitação, uso excessivo de abreviações, abandono de maiúsculas e de pontuação, e tantos outros deslizes que expõem a falta de conhecimento dos usuários. Antes de se expor publicamente, as pessoas precisam ler e reler os escritos para evitar o ridículo, preservando as normas da língua. Quando falamos, revelamos mais do que o nosso pensamento, revelamos também quem somos socialmente, isto é, nosso nível cultural, capacidade de nos adaptar em certas situações, nossa timidez, enfim, nossa forma de ser e de ver o mundo, podendo tanto nos abrir quanto fechar portas.
Há poucos dias falamos aqui sobre a decadência do ensino brasileiro. As ferramentas digitais estão transformando a linguagem e a escrita. É preciso que haja um equilíbrio entre escrita digital e à mão. Ao migrarem da escrita tradicional para a digital nossas crianças e jovens estão aos poucos abandonando a tradicional. Estão perdendo a fluência na caligrafia. Têm escrita pouco legível, sentem desconforto ao escrever, cansam-se facilmente, têm dificuldade de expressar seus pensamentos, falta-lhes habilidades de comunicação, não desenvolvem a capacidade o pensamento crítico e criativo. A causa disso? A falta de LEITURA. Os jovens precisam entender o poder da leitura, como a única forma de transmissão de informação, porque o leitor navega no pensamento do autor. Só a leitura aumenta o vocabulário. O mundo hoje é para quem pensa e entende o que lê.
Assim, tenha um livro sempre ao seu alcance… Leia também textos na internet, revistas, notícias etc. Leia algo todos os dias, nem que seja uma página apenas. Habitue-se a consultar o dicionário sempre que deparar com um vocábulo novo. Não podemos mais alegar que livros são caros, pois estão ao nosso alcance o tempo todo. Mas, parece que quanto mais facilidade, menos as pessoas estão lendo. Perde-se muito tempo com futilidades e fofocas nas redes sociais. A preguiça mental e a falta do hábito de leitura são os males da comunicação.
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SOS Educação. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso03/03/2025 14h30
Há anos estamos acompanhando a deterioração do ensino brasileiro nas instituições públicas. Estamos formando gerações de analfabetos funcionais, embora a produção de estatísticas “fantasiosas” diz que o país deu um salto na erradicação do analfabetismo, porém na hora de uma avaliação o desempenho é desastroso. E contra fatos não há argumentos.
Em 2023 alunos brasileiros, do 4º ao 8º ano, participaram pela primeira vez de um estudo internacional chamado “Trends International Mathematics and Science Study” (“Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências”) sobre desempenho educacional e os resultados divulgados no final de 2024 foram decepcionantes. Dentre 64 países avaliados, o Brasil ficou na 63ª posição em matemática, apontando que 51% dos estudantes brasileiros, já no 4º ano do ensino fundamental, não sabem a tabuada, não realizam as operações básicas, nem interpretam gráficos simples. Decepcionante.
A leitura é outra grande preocupação, aliás a maior, pois é o pilar fundamental para a busca do conhecimento e criatividade. Quem não lê não sabe escrever, não interpreta, não sabe argumentar, não desenvolve pensamento crítico e criativo. É um analfabeto funcional. Estudos mostram que o Brasil vem perdendo gradativamente o número de adeptos à leitura. Nos últimos anos o número de não-leitores superou ao dos leitores.
O último ENEM trouxe à tona a decadência do uso da língua portuguesa. De 3 milhões e 100 mil jovens, apenas 12 obtiveram nota máxima em redação, e apenas um (1) de escola pública. Nossos jovens estão perdendo a habilidade de escrever à mão e de se expressar com clareza, capacidades que a humanidade desenvolveu e transmitiu por milhares de anos. Não sabem escrever e têm pouca familiaridade na elaboração de ideias complexas em textos.
Os fatos aí estão… É hora de refletir sobre as consequências disso para o futuro. Como mudar esse cenário? É possível reverter essa tendência? Quais as causas dessa tragédia? São perguntas que precisam de respostas, de estudos aprofundados, porque como está é inadmissível continuar.
Sabemos que a realidade brasileira é assim: a maioria dos alunos estuda só para ir bem nas provas, tirar nota boa e passar de ano. Não estudam para aprender. Junte-se a isso a má formação dos professores, currículos inadequados, materiais didáticos de baixa qualidade, professores doutrinadores, falta de envolvimento da família delegando à escola a total responsabilidade sobre o processo de ensino e aprendizagem. Quanto mais tempo na escola, menos aprendizagem adquirida. Nossas crianças estão cada vez mais, aprendendo menos.
Enfim, o país está em débito com nossas crianças e jovens. Não está dando a eles a única chance de uma vida melhor: educação de qualidade. Nosso sistema educacional não fracassa por acaso, mas sim porque há interesses intrínsecos para que nada dê certo, pois bem sabemos que quanto menos habilidade o cidadão tiver, mais dificuldade terá para desenvolver seu potencial e buscar seu lugar ao mundo. Precisa-se de uma política de ensino permanente, que esteja acima dos interesses e ideologias dos partidos políticos. É preciso que educação seja prioridade.
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Volta às aulas , Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso17/02/2025 15h00
Foro/Banco de imagens – istockphoto
Essa semana aconteceu algo extremamente importante para o país, muito embora a mídia não tenha dedicado espaços nobres da sua programação para destacar evento de tão significativo para a sociedade: avolta às aulas. Após um período de solidão e vazio, voltaram à vida os ambientes escolares, preparados para receber nossas crianças, jovens e adolescentes, matéria-prima mais valiosa do Planeta. A escola sem eles é um espaço morto…
Hoje quero falar para os estudantes, pais, professores, dirigentes de escola. Estudar não é apenas ir à escola. A escola é uma rica fonte onde nos abastecemos de saberes indispensáveis ao nosso crescimento pessoal, intelectual e profissional. O professor é o mediador do caminho que precisamos e queremos percorrer. Ele nos dá o direcionamento, mas o caminho somos nós quem traçamos. Podemos estar na melhor escola do mundo, ter os mais brilhantes professores, tecnologia de ponta, mas de nada adiantará se não temos metas traçadas, princípios e critérios estabelecidos para que os objetivos sejam atingidos. Quem não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve.
Estudante querido, encare com seriedade os estudos, cumpra seus horários, busque o conhecimento além da sala de aula, porque o mundo mudou e quem faz a diferença é aquele que detém o melhor saber possível. Não existe mais espaço para quem faz-de-conta que estuda. Leia muito, analise o mundo ao teu redor, critique e busque sugestões para evolução, seja cidadão participativo. Faça valer teu papel de construtor da sociedade em que estás inserido. Cumpra teu papel e cobre da escola aulas bem dadas, professores bem preparados, responsáveis e éticos, porque a escola é e sempre será o melhor lugar para buscares alternativas para realização dos teus sonhos. Porém, só podes exigir se fores responsável, comprometido, cumpridor dos deveres inerentes aos cidadãos de bem. Cumprindo teus deveres, tens argumentos para cobrar teus direitos. Mas, se queres ser eternamente um dominado, um submisso, sem sonhos, sem metas, fique sem estudos e serás.
Estimados pais, conversem com os professores, com a direção, visitem frequentemente a escola, mas, sobretudo, acompanhem a vida escolar de seus filhos. Conversem com eles sobre seu desempenho, seu relacionamento com os professores, quem são seus amigos. A escola não educa sozinha, mesmo que fizesse o maior esforço do mundo não conseguiria. Juntos, família e escola, desempenharão o papel de educadores. Para isso é preciso que haja cumplicidade: pais valorizando o contato com a escola e a escola recebendo com prazer os pais, porque as crianças precisam de direção, apoio e ânimo para crescer e amadurecer.
Professores, diretores, funcionários, façam a parte que lhes compete, afinal sois responsáveis pela transformação social. Tendes em vossas mãos o poder maior: conviver diariamente com essas crianças e jovens, que vêm buscar o saber, mais o saber “ser” do que o “ter”, porque se a escola ensinar que mais vale “ser” do que “ter”, com certeza o cidadão terá tudo o que precisa para uma vida digna. Lembrem-se que a escola é o instrumento da educação que enfrenta desafios e tem como compromisso fazer a criança crescer como ser humano e escrever sua própria história. É uma grande responsabilidade.
Esperamos, pois, que 2025 seja um ano repleto de inovações, realização de sonhos, e que a escola resgate a qualidade de ensino e lute pelo retorno dos valores morais e éticos tão dispersos na sociedade atual.
*Artigo reeditado
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Novo ano letivo. Por Ana Dalsasso
Por Ana Maria Dalsasso03/02/2025 15h00
Foto/Banco de imagens – freepik.com
As férias estão terminando, materiais escolares prontos, professores preparados, escolas organizadas, alunos ansiosos e saudosos…Inicia-se o período mais importante na vida das crianças, adolescentes e jovens que buscam nos bancos escolares, na sabedoria dos mestres e no convívio social o crescimento pessoal, profissional e intelectual para a inserção na sociedade, como cidadãos e profissionais.
Cada início de ano é um novo começo, não apenas uma volta às aulas, tanto para os alunos quanto para a instituição de ensino. É a ocasião ideal para se refletir novas posturas frente aos grandes desafios que são impostos aos educadores a cada ano letivo que se inicia. É um momento de extrema importância, devendo ser bem preparado para que alunos, famílias e professores marquem este início como uma grande parceria, pois os desafios surgirão, e não são poucos. Sem união de forças e ideias é difícil caminhar. É importante que os alunos sintam que estavam sendo esperados, que houve uma dedicação na preparação do ambiente para recebê-los. A geração que aí está vem em busca do novo, não se contenta com a mesmice, pois a tecnologia a coloca, a qualquer momento, a par de tudo o que há de novo, embora, muitas vezes, com distorções, mas aí entra a força do professor para trazê-la à aprendizagem, mostrando quais são os melhores caminhos para o sucesso.
A escola tem de estar organizada em seu espaço físico, mas de nada adianta se o corpo docente não se encher de entusiasmo e amor para este momento. Surpreenda os veteranos com novas propostas de trabalho; acolha os novos e convença-os que esta é a escola dos sonhos deles; garanta aos pais que seus filhos estarão em boas mãos, mostrando-lhes a melhor proposta pedagógica e conte com eles como parceiros na trajetória. Nenhum pai se negará a dar as mãos para um filho na caminhada.
Acredita-se que cada instituição de ensino tenha encerrado seu ano letivo com avaliações não só dos alunos, mas também de todo processo de ensino e aprendizagem, do trabalho que desempenhou refletindo erros e acertos para agora retornar com ideias aprimoradas, com bagagem de conhecimento que possibilite desafiar novos perfis estudantis, diferentes colegas de trabalho, problemas imprevisíveis, alegrias, ansiedades, indisciplina, desinteresse, irresponsabilidade, reprovação, pouca frequência, abandono, enfim uma diversidade de fatores que impõem competência e sabedoria para administrá-los.
Em suma, a escola precisa preparar-se para este novo momento com projetos ousados e planos diversificados para ser um lugar prazeroso e eficaz, onde nossos jovens e crianças sintam-se seguros na caminhada para realização dos sonhos que embalam, porque o aluno só valorizará a escola se se sentir atraído por ela, se se sentir protagonista do processo educativo. Estamos fazendo a educação do século XXI… O mundo não nos perdoará se não o deixarmos melhor do que o encontramos.