Engajamento dos Colaboradores. Por Roger Silva
Antes de pensarmos em estratégias para engajar e incentivar os gestores, líderes e colaboradores, precisamos identificar as necessidades dos mesmos em suas rotinas de trabalho.
Para que isso seja feito com qualidade, objetividade e os resultados mais assertivos possíveis, precisamos nos certificar que existe um canal de comunicação aberto para que todos possam colocar suas observações, necessidades, ideias e sugestões, de uma maneira transparente sem correrem o risco de serem interpretados de maneira errônea ou serem “punidos” por trazerem opções que a empresa não tinha observado ainda.
Nada melhor do que os próprios colaboradores, para saber qual a melhor maneira ou a solução mais viável para superar determinados obstáculos trazendo oportunidades contínuas de melhoria.
As sugestões provavelmente serão as mais diversas. Podem sugerir e/ou solicitar carga horária de trabalho diferenciada, sistema híbrido de trabalho, melhores condições de equipamentos, espaço, conforto, integração entre equipes, melhor comunicação interna, diretrizes mais objetivas, metas mais realistas e assim por diante.
Uma sugestão que posso dar e utilizo regularmente nos treinamentos, aulas, palestras e workshops que faço é perguntar logo no início para os participantes:
“Como é um bom dia de trabalho para vocês?”
“O que precisa acontecer para que o dia de vocês seja produtivo, realizador, satisfatório?”
O que pode inspirar cada colaborador a entregar o melhor possível dentro das condições que eles têm? O que inspira cada um deles para que sejam sempre a melhor versão possível?
Muitas vezes, as energias mais simples (negativas e positivas) interferem no restante do nosso dia de trabalho e somente nós podemos bloquear as que forem negativas e aproveitar as positivas, mas nem sempre conseguimos. Muitos psicólogos comentam que no trajeto das nossas residências até chegarmos ao local de trabalho, passamos por mais de 30 possibilidades, isso mesmo, mais de 30 provações que podem nos tirar do eixo de equilíbrio e gerar uma energia tóxica que leva em média 6 horas para se dissipar no nosso organismo.
Vejam algumas dessas possibilidades:
Se perdemos o horário de acordar; saímos atrasados de casa; pegamos muito trânsito; se estiver chovendo; se o transporte estiver lotado; se chegarmos no ponto segundos após o ônibus passar; se discutimos no trânsito; se esquecemos o celular em casa; se o nosso time perdeu o jogo; se brigamos com a(o) namorada(o), esposa(o); estamos longe da meta; gestor está pressionando; enfim, várias possibilidades de ficarmos nervosos, com raiva e entrarmos na sintonia do “lado negro da força”, como eu costumo falar; e carregamos essa energia ruim o restante do dia e muitas vezes contagiamos quem aparecer na nossa frente, seja um colega de equipe, algum colaborador de outra área, um líder e/ou liderado ou até um cliente; e consequentemente nosso trabalho não irá render.
É comum e muito fácil nos desequilibrarmos e nos deixarmos levar por essa energia.
Mas, pergunto a vocês agora, e quando acontece exatamente o contrário disso tudo que listei acima? Será que damos a mesma importância, a mesma intensidade? Por que não utilizamos a energia positiva para deixar o nosso dia melhor, mais feliz e produtivo?
Observem a lista abaixo:
Acordamos antes do horário normal, bem dispostos e descansados; saímos de casa antes do horário habitual; caminho totalmente sem trânsito; um dia ensolarado; transporte vazio; chegamos no ponto segundos antes do ônibus passar; encontramos algum velho conhecido no caminho; tem uma vaga para estacionar na frente do trabalho e na sombra; nosso time ganhou; estamos apaixonados; encontramos no bolso um bilhete carinhoso dos nossos filhos; batemos a meta antes do prazo; enfim, inúmeras possibilidades de ficarmos bem, de estarmos felizes e entrarmos na melhor sintonia de energia positiva; e carregarmos essa energia boa o dia inteiro e contagiar todos que cruzarem nosso caminho, seja o colega de equipe, o líder e/ou liderado, o cliente, a “tia” do café e consequentemente nosso trabalho irá render muito e voltaremos para casa com aquela sensação magnífica de termos feito o nosso melhor, de sermos a nossa melhor versão.
Deveria ser muito mais fácil nos equilibrarmos e nos deixarmos levar por essa energia positiva que nos propicia um melhor engajamento, que é um estado emocional no qual nos sentimos animados e comprometidos com o nosso trabalho
Certa vez, em uma palestra, o Abílio Diniz, na época que trabalhava no GPA (Grupo Pão de Açúcar), ao acompanhar uma reforma em uma das lojas do supermercado Extra, foi abordado por um colaborador que solicitou se poderia ser transferido para aquela loja, quando a reforma fosse finalizada. Ao questionar o colaborador sobre o motivo da solicitação, ouviu a seguinte resposta:
“Essa loja fica próxima da minha residência, portanto, trabalhando aqui, gastarei menos tempo no percurso da minha casa para cá, tanto na ida, quanto na volta. Gastando menos tempo no meu deslocamento, terei mais tempo com minha família e terei um desgaste menor, podendo assim, ter um rendimento melhor nas minhas entregas e a empresa terá um custo menor com o meu transporte.”
A resposta obviamente foi positiva, e ele não apenas permitiu que o colaborador fosse transferido, mas solicitou ao departamento de rh e logística que oferecesse a todos os colaboradores a opção de trabalhar na loja mais próxima de suas residências, desde que fossem observadas todas as necessidades da empresa e vagas disponíveis, para que todos tivessem a mesma oportunidade.
Isso tudo parece tão simples de fazer, mas o que nos impede? Porque não acreditamos que temos o poder de tomar as decisões que farão nosso caminho ser melhor?
Basta acreditarmos que o controle da nossa vida, dos nossos passos está em nossas mãos. Obstáculos, dificuldades, provações, sempre existirão. Cabe a nós aprendermos a superar cada um deles, pois sabemos que muitas vezes, principalmente nos processos de mudança, a dor será inevitável, mas sofrer com isso é opcional.
As inovações tecnológicas permitem cada vez mais que as empresas propiciem aos colaboradores e fornecedores, ambientes de trabalho mais adequados com as necessidades de todos. Dress code mais informal, salas de descompressão e integração, áreas ao ar livre, bancadas únicas sem separação por cargos e/ou funções, espaços funcionais comunitários, salas de reuniões presenciais e online e diversas outras estruturas oferecem mais qualidade a todos, mas a responsabilidade e comprometimento com as entregas aumentam na mesma proporção do que é ofertado. Juntando tudo isso com os treinamentos e workshops bem direcionados e elaborados, o engajamento, foco, senso de pertencimento e a determinação de todos será a melhor possível.
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