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A dor da perda da mãe. Por Ana Dalsasso

Por Ana Maria Dalsasso01/10/2024 17h41

Meu espaço hoje será para compartilhar as palavras da adolescente Maria Letícia, 14 anos, no sepultamento de sua mãe, uma jovem de 38 anos que, em três meses, perdeu a batalha contra um câncer. Com maturidade e equilíbrio emocional surpreendente, a menina levou aos prantos um grande número de pessoas presentes ao velório, inclusive eu.

Passados já alguns dias, pedi a Maria Letícia permissão para publicar suas palavras. Ela gentilmente concordou. Abaixo, com as devidas correções gramaticais, o depoimento segue na íntegra, com o título por ela dado.

 “PARA SEMPRE MINHA ESTRELINHA”

Mãe, antes de você partir sua última frase para mim foi: “filha, não culpe Deus, não fique brava com Ele, e nem perca essa fé linda que você tem”.

Hoje eu entendo que um pai sempre quer o melhor para sua filha, e o nosso Pai a quis perto Dele.  Tirou a dor e o sofrimento que há três meses a incomodava. Deus levou minha mãe porque há muito tempo os céus esperavam o retorno de um dos seus anjos mais belos. Seus braços agora são asas que, tenho certeza, me confortarão nos momentos de sofrimento e  seu coração uma linda estrela, a mais brilhante de todas as noites. É assim que eu a imagino quando olhar para os céus com o coração apertado de saudades, mas também com orgulho de ter tido você  como mãe.

Mãe, pedir para você ficar seria egoísmo de minha parte, pois o sofrimento pelo qual passavas era uma cruz tão pesada que você não estava mais conseguindo carregar. Tanto a dor física, quanto a dor de não poder estar junto das pessoas que amava.  Sei que estarás me olhando lá do céu e eu estarei aqui fazendo de tudo para que você sinta orgulho de mim.

Este não é um adeus para sempre, mãe. É apenas um “até já”. Temporariamente deixaremos de nos ver, de nos falar, mas dentro de meu coração sua voz jamais deixará de ser ouvida. Mesmo longe sempre sentirei seus braços de amor em um intenso abraço, como sempre me davas, e às vezes de tanta “gana” me davas várias mordidas e beliscões.

Mãe, pode ficar tranquila que nunca deixarei só o nosso “picareta” (irmãozinho). Prometo cuidar dele com todo carinho e dedicação que você sempre demonstrou por nós. Sua memória será como um tesouro que guardarei no mais profundo do meu coração. Você foi mais que uma mãe. Foi inspiração, exemplo de amor e bondade.

Querida mãe, espero de coração que você tenha vivido uma vida feliz e sem arrependimentos. Com certeza irei sentir saudades suas todos os dias, e não importa o tempo que passar, sua ausência sempre me trará saudades. Sabe mãe, sempre vai doer, mas o tempo cura e Deus   também.

Nossas brigas não eram frequentes, mas às vezes aconteciam. Agora percebo que era apenas resultado do amor intenso que compartilhávamos.  Eu costumava pegar suas roupas, não apenas porque queria me sentir mais próxima de você, mas também porque tinham seu cheiro, o seu toque. Hoje essas roupas serão tesouros que guardarei com carinho.

Mãe, acho que aquela sua frase que brincávamos “eu acho que não vou viver o bastante para ver você com um namoradinho”, hoje tem um sentido diferente. Queria ter você na minha festa de 15 anos para comemorarmos a minha vida e a sua. Já tinha até preparado uma homenagem pra ti, mas acho que Deus não quis que escutasses. Queria você aqui na minha formatura, afinal este é o último ano do ensino fundamental. E agora, quem vai fazer minha maquiagem, escolher minha roupa?

Queria tanto você no meu casamento, quando eu crescesse, para eu te contar sobre os filhos que queria ter, os quais você falava que iria estragar e com eles   gastaria toda sua aposentadoria. Queria tanto você aqui para “maratonarmos”, para conversar sobre um menino que achei bonitinho, ou fofocas de pessoas que você nem conhece.

Mãe, me dói tanto saber que não sentirei mais teu cheirinho, teu toque, teu carinho; me dói pensar que poderei esquecer tua voz; me dói não escutar mais aquela sua gostosa risada, a mais bela do mundo. Às vezes nem tinha piada ou motivos para rir, mas você sorria, dava gargalhadas.  Dói tanto saber que seu último “eu te amo” foi de longe; dói tanto saber que fiz tão pouco para te ajudar quando estavas doente; dói demais pensar que às vezes não fui a filha perfeita para você. Me dói tanto, tantas coisas…

Te amo para sempre minha estrelinha, a mais linda e brilhante. Agora enfrentaremos a vida sem sua presença física, mas saiba que sua luz continuará a brilhar em nossas vidas: na minha, do meu irmão, de teu esposo, de suas amigas, e de seus queridos alunos. Você era muito amada por todos.

Com amor eterno, sua filha Maria Leticia.”

 

 

 

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