Como está sua saúde mental? Por Carina Mengue.
Olá, leitor!
Hoje não poderia deixar de escrever nessa coluna sobre uma data que é muito importante dentro da minha área profissional, como deveria ser de modo geral a população, mas o preconceito ainda não permite. Em 10 de outubro de 1992 foi instituído o Dia Mundial da Saúde Mental. Nesta data, são promovidas ações e palestras de conscientização acerca da importância de cuidar da parte emocional.
Já parou para pensar no assunto? Alguma vez refletiu se os seus pensamentos, ideias e sentimentos estão em harmonia? Ou acredita que essa área não seja importante o suficiente para tomar o seu tempo? Infelizmente tem pessoas que acreditam nisso. E sim, o preconceito ainda é bastante presente na sociedade. Começando pelo lugar que a loucura ocupou na história e até os dias atuais é associado as questões emocionais. Ainda temos muitas barreiras a serem quebradas, muitas crenças a serem ressignificadas para a saúde mental ser algo tão comum como ir ao dentista.
Pessoas tem vergonha de ir ao Psicólogo, sustentam crenças que ir ao psicólogo é sinônimo de fraqueza, as pessoas que fazem psicoterapia têm vergonha de dizer que fazem e assim os preconceitos permanecem. Muitos conceitos distorcidos que infelizmente fazem o sofrimento permanecer, a ansiedade ser diária, os relacionamentos serem tóxicos, o ataque de pânico ser desesperador, o isolamento ser uma zona de conforto, o vazio e a carência serem normais…
Já tive a oportunidade de atender paciente que carregava preconceito do Psicólogo e foi ao atendimento porque lhe foi pedido. Com o avanço das sessões, esse mesmo paciente verbalizava que a psicoterapia não era nada daquilo que acreditava ser e inclusive se arrependia de não ter buscado o tratamento antes.
Uma fala que sempre menciono é essa: permita-se conhecer primeiro, qualquer coisa ou situação na vida – só podemos ter uma opinião formada depois de vivenciar, conhecer, ter embasamento e informações acerca daquela realidade.
E escrevo sobre preconceito porque sei que muitas pessoas sofrem em silêncio, não compartilham suas angústias e quando o fazem são invalidadas e julgadas. O sofrimento emocional ainda é banalizado como se não fosse nada. A internet, acessível a todos, traz tanto sobre liberdade de expressão, respeito as diferenças, termos mais empatia, mas na prática ainda não vivemos essa realidade, principalmente no âmbito da saúde mental. E o mais intrigante e até irônico é que todos somos expostos a tais vivências na esfera emocional, em alguma fase da vida o estresse aparece ou a ansiedade surge ou ainda uma crise de choro ou uma vontade de sumir… ninguém está isento do caos interno que as emoções provocam em determinados momentos da vida. E até aqui tudo bem, porque é comum e esperado sentir, o que não é comum é fazermos de conta que isso não acontece com a gente quando pré-julgamos o outro por sentir o que muitas vezes já sentimos. É vergonhoso confessar que também já foi banhado por uma onda forte de emoções, que foi difícil – mas nos ensinaram que devemos ser fortes, como se sentir fosse fraqueza ou errado. Escondemos nosso mundo interno com medo de sermos rejeitados, rotulados, diferentes e na verdade, estamos todos, apenas sendo iguais.
Não tenha vergonha de expor o que sente, não tenha medo de desabafar sobre o seu sofrimento, suas preocupações e angustias. Não tenha receio em buscar ajuda profissional. Você é ser humano como todos os seres humanos, só está fazendo diferente do que aprendemos na infância – está se priorizando, se cuidando, se desenvolvendo e amadurecendo com todo esse processo. A nossa vida é cheia de ciclos que começam e terminam, de estações e fases, de altos e baixos e não existe manual onde nos ensina como devemos sentir e nos comportar. A psicoterapia pode ser esse manual, porque é uma ciência e nos traz resultados do que é mais eficiente, pode funcionar como uma bussola nos direcionando e pode ser humanizada nos acolhendo na nossa intimidade interna.
Repense sobre seus preconceitos acerca desse assunto. Não negligencie sua saúde mental por vergonha ou medo.
Que façamos uma excelente semana,
Até a próxima!
Um abraço
Carina Mengue.