Santa Catarina exporta US$ 1,76 bilhão nos primeiros meses de 2025: crescimento é impulsionado pelo agronegócio
Camila Morais, economista da FIESC, analisa os principais fatores que impulsionaram o aumento nas vendas externas do estado

Santa Catarina registrou exportações de US$ 1,76 bilhão no acumulado de janeiro e fevereiro de 2025, apresentando um aumento de 2,2% em relação ao mesmo período de 2024. O crescimento foi impulsionado principalmente pela alta nas vendas de proteínas animais, como carnes de aves e suínas.
Em entrevista ao Jornal da Guarujá, a economista Camila Morais, do Observatório da FIESC, explicou que o desempenho positivo se manteve tanto na análise mensal de fevereiro quanto na comparação anual. “Foi um bom resultado, sim, um incremento de 2% frente ao igual período de 2024, no acumulado do ano, janeiro e fevereiro. Quando analisamos o mês de fevereiro isoladamente, também houve crescimento, e comparando fevereiro deste ano com o mesmo mês do ano passado, tivemos um crescimento de 7% nas exportações catarinenses”, afirmou Camila.
Carro-chefe das exportações: carnes e agronegócio
O principal impulsionador desse crescimento continua sendo o setor de carnes. “O carro-chefe da nossa pauta exportadora em Santa Catarina são as carnes, especialmente as de aves e suínas. Elas mantiveram o crescimento, conseguimos conquistar novos mercados, como o Japão, que aumentou suas compras, enquanto a China, apesar de ser o principal comprador, teve uma redução. Porém, o estado conseguiu conquistar novos mercados, o que é muito importante no atual momento de barreiras tarifárias”, explicou Camila.
Além das carnes, outros produtos do agronegócio também se destacaram, como o tabaco e os produtos de madeira. Camila destacou que o desempenho do tabaco foi influenciado pela safra de 2024, que teve dificuldades para ser escoada devido a conflitos internacionais. “A safra de tabaco não foi escoada corretamente devido a alguns problemas, especialmente em regiões como o Oriente Médio, que seguraram a safra, mas mesmo assim, o tabaco tem contribuído para esse resultado positivo”, explicou.
Apesar do bom desempenho dos produtos do agronegócio, outros setores não acompanharam o crescimento nas exportações. “Por exemplo, as exportações de motores e motores elétricos apresentaram queda no montante. Isso está relacionado, em parte, ao preço médio desses produtos, já que, em termos de quantidade, houve aumento. A queda no preço do minério de ferro impactou o custo dos motores elétricos, o que afetou o valor das exportações”, disse Camila.
Contudo, a economista ressaltou que outros produtos além dos agropecuários também contribuem para o crescimento das exportações catarinenses. “O setor de produtos de madeira, por exemplo, também está muito relacionado com o setor de construção civil, especialmente nas fases de acabamento, e tem desempenhado um papel importante nas nossas exportações”, afirmou.
Expectativas para o futuro e cenário global
A entrevista também abordou as expectativas para os próximos meses, especialmente diante de questões internacionais, como as políticas de taxação implementadas pelos Estados Unidos. Camila destacou que as taxações, especialmente sobre o aço, devem ter algum impacto sobre as exportações brasileiras. “O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos, então isso deve afetar o setor nacional. No entanto, Santa Catarina tem se mostrado resiliente, conquistando novos mercados, como o México e outros países da Ásia”, analisou.
Quanto à expectativa para o futuro da economia catarinense, Camila é cautelosa. “A indústria brasileira já começou a apresentar sinais de desaceleração, e isso provavelmente será sentido também na indústria catarinense nos próximos meses, devido ao aumento da inflação e da taxa de juros. No entanto, o agronegócio deverá ter um desempenho melhor este ano, o que pode contribuir positivamente para a balança comercial”, afirmou.
Ela ainda observou que o cenário internacional também deverá influenciar o desempenho econômico do estado, com previsões de crescimento estável para os Estados Unidos e desaceleração na Zona do Euro. “O importante é acompanhar as tendências globais e o impacto que isso terá na demanda por produtos catarinenses”, finalizou.
Confira entrevista completa