Calor extremo e salas sem ar-condicionado: a dura realidade das escolas catarinenses
Sinte/SC denuncia falta de infraestrutura e omissão do governo em meio à onda de calor
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A onda de calor que atinge Santa Catarina, com sensação térmica chegando a 50°C, escancara a precariedade das condições de ensino e trabalho nas escolas estaduais, neste início de ano letivo. Estudantes e professores estão enfrentando essas altas temperaturas dentro de salas de aula sem climatização, evidenciando a falta de investimentos na infraestrutura escolar.
De acordo com dados do INEP / Ministério da Educação, das 14.156 salas de aula utilizadas na rede estadual catarinense, apenas 5.143 possuem climatização. Isso significa que apenas uma em cada três salas de aula possui ar-condicionado. Ou seja: os alunos de mais da metade das escolas (52,9%) estudam no calor. O resultado? Professores e alunos expostos a condições que comprometem o aprendizado e a saúde.
No ranking nacional, Santa Catarina ocupa a 9ª pior posição em climatização escolar, ficando atrás de estados como Rondônia, Tocantins, Mato Grosso, Amazonas e Rio de Janeiro, onde mais de 70% das salas de aula possuem ar-condicionado.
Para o coordenador do Sinte-SC, Evandro Accadrolli, a situação das escolas catarinenses reflete um cenário alarmante de negligência do governo estadual.
“Estamos recebendo relatos diários de professores e alunos passando mal por conta do calor extremo dentro das salas de aula. Isso não é apenas um problema de conforto, mas de saúde pública. O governo precisa agir com urgência, pois não há como garantir um ensino de qualidade em condições tão adversas”, enfatiza.
A precariedade estrutural das escolas catarinenses também vai de encontro às normas trabalhistas. Segundo a Norma Regulamentadora 17 (NR-17) do Ministério do Trabalho, a temperatura ideal para ambientes de trabalho com atividades intelectuais deve ficar entre 20°C e 23°C. No entanto, as salas de aula da rede estadual chegam a temperaturas muito superiores, tornando o ambiente insalubre para docentes e estudantes.
Além da falta de climatização, o Sinte-SC denuncia que a Secretaria da Educação (SED) deixou de investir R$ 628 milhões do orçamento previsto para 2024, segundo dados do Portal da Transparência. Esse corte representou 14% a menos em obras e instalações, comprometendo diretamente a infraestrutura das escolas.
O sindicato tem cobrado constantemente investimentos na educação e na valorização dos profissionais do magistério. Em 2024, a categoria chegou a realizar uma greve, garantindo conquistas como reajuste salarial, vale-alimentação e concurso público. No entanto, o governo segue ignorando problemas estruturais essenciais, como a climatização das escolas.
Diante desse cenário, o Sinte-SC reforça a urgência de investimentos imediatos para garantir condições dignas de ensino e trabalho nas escolas catarinenses.