Greve na UFSC: “Universidade em estado precário”, afirma representante dos trabalhadores
Na última assembleia realizada pelos estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), uma decisão foi tomada: a adesão à Greve Geral na instituição. Esta ação foi deliberada em conjunto com os trabalhadores técnico-administrativos e professores que há 60 dias reivindicam por reajustes nos salários e uma melhora nas condições de trabalho.
“As principais demandas que motivam essa Greve Geral incluem a recomposição orçamentária das universidades, a reposição salarial e de carreira, bem como questões específicas da UFSC”, afirma Elaine Tavares, integrante do Comando de Greve do Sindicato dos Trabalhadores da UFSC.
Em entrevista ao Jornal da Guarujá, Elaine destacou a redução de verbas de custeio para as universidades desde o governo Temer, afetando a infraestrutura e as condições de trabalho. “Temos tido uma diminuição muito significativa das verbas de custeio para a universidade. Isso é um dos pontos da nossa pauta, porque a universidade, se tu passares por aqui, tu vais ver a universidade num estado muito ruim, os prédios estão precários, não tem ar-condicionado.”
Ela também apontou a falta de reajuste salarial real há quase uma década, contrastando com a prática do setor privado, onde os trabalhadores negociam anualmente seus salários. “Além disso, nós estamos há quase 10 anos sem um reajuste real de salário, é muito tempo sem um reajuste, coisa que no mundo privado não acontece.”
Sobre o impacto da greve nos serviços da universidade, integrante do Comando de Greve explicou que, devido à natureza da instituição, nem todos os setores podem ser completamente paralisados. No entanto, uma grande porcentagem de trabalhadores aderiu à greve, tornando-a uma das maiores desde 2015. “Nós temos uma porcentagem bastante grande de trabalhadores parados, é uma das maiores greves desde 2015 aqui na nossa Universidade Federal.”
A greve na UFSC não se restringe apenas ao campus localizado na capital catarinense. Outros campis da universidade, como o de Araranguá, também tiveram seus trabalhos suspensos ou parcialmente suspensos.
Quanto às expectativas para uma possível resolução, Elaine expressou preocupação com a tendência histórica dos governos de prolongar greves nas universidades. Ela espera que a próxima reunião, agendada para o dia 21 de maio, traga propostas concretas por parte do governo, pois a falta de avanço pode resultar na continuidade da greve. “Então os trabalhadores entendem que se não houver uma proposta diferente do 0% apresentado pelo governo, agora nesse dia 21, a greve deve continuar.”
Ao final da entrevista, Elaine falou sobre a disponibilidade de recursos por parte do governo, contrastando com a falta de investimento nas demandas dos trabalhadores e da universidade. Ela espera que a greve chegue a uma conclusão satisfatória em breve, permitindo que todos possam retornar ao trabalho e à normalidade. “A gente quer muito que essa greve acabe, porque a gente quer voltar ao trabalho, a gente também não aguenta mais ficar aí parado com o nosso trabalho parado também.”
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