Analfabeto Político. Por Ana Maria Dalsasso
"O preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior". Platão (C.428-347 A.C.)
Analfabeto, de acordo com os dicionários, é o cidadão que não sabe ler nem escrever, que não tem instrução primária. No entanto, o termo abrange outras situações, além do ler e escrever. Sempre que alguém não domina o conhecimento de outra área qualquer é um analfabeto nesta área. Existe o analfabeto funcional, o analfabeto digital, o analfabeto político etc. Eu posso ser “expert” em um assunto, mas analfabeto em outro.
Sob esse olhar, o que seria então um “analfabeto político”?
Para justificar minha exposição sobre o significado do tema parto da afirmação do dramaturgo e poeta alemão Bertolt Brecht: “o pior dos analfabetos é o analfabeto político, porque ele não ouve, não fala e não participa dos acontecimentos políticos”.
É aquela pessoa que não se interessa, não pesquisa, não se informa, não participa da política do país, como se nossa vida em nada dela dependesse. Participar não significa estar filiado a um partido, seguir uma ideologia, sair fazendo campanha. Nada disso! Quando nos interessamos pela política estamos preocupados com o desenvolvimento do país, como o bem-estar social, com a comunidade na qual estamos inseridos. É sair do individual para pensar no coletivo. Não nascemos para viver isolados. Ao elegermos nossos representantes entregamos a eles uma procuração para que nos representem, e para isso precisamos saber da vida pregressa de cada um, pois toda decisão política refletirá em nosso dia a dia, queiramos ou não. Consumimos bens e serviços, precisamos ter acesso à educação e saúde, e tudo, de uma forma ou de outra, está interligado a desejos e decisões políticas, pois são os políticos que traçam os destinos da nação, e consequentemente interferem em nossas vidas.
Estamos desencantados com a postura da maioria dos políticos, mas convém lembrar que, quanto mais nos afastamos, mais livres eles ficam; e percebendo a indiferença da população, aumentam o descaso para com a sociedade, tornando-nos reféns de um sistema que explora e exclui o cidadão.
É fácil dizer: “odeio política”, “não quero saber”, “não me interessa”, “me deixa fora”, “não dependo de política”… Todo aquele que assim pensa está contribuindo para o desiquilíbrio da realidade social e política. Quanto mais o cidadão se distancia da política, mais enfraquece a democracia.