Como criar uma startup: Lições de Bruno Sartori e Guilherme Osellame no Papo Empreendedor
O Papo Empreendedor recebeu Bruno Sartori, head de captação, e Guilherme Osellame, sócio da Stars Aceleradora, para uma conversa aprofundada sobre o processo de criação de uma startup, os desafios enfrentados e as estratégias para alcançar sucesso no mercado competitivo. A Stars Aceleradora, fundada entre 2017 e 2018 em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, buscou um modelo democrático e descentralizado para apoiar startups. “Abrimos uma primeira operação lá na cidade de Santa Maria, então totalmente fora do que seria o status quo. Esse modelo deu super certo”, relatou Guilherme. Desde então, a empresa expandiu sua atuação para Lajeado (Vale do Taquari, RS), Grande Vitória (ES) e, em breve, Grande Curitiba (PR). Hoje, a Stars Aceleradora é a segunda maior rede de investidores-anjo do Brasil e conta com mais de 400 investidores. Durante a conversa, os especialistas abordaram temas como maturidade empreendedora, adaptabilidade ao mercado e a importância de uma visão bem fundamentada.
Mas afinal, o que e uma startup? Guilherme e Bruno explicaram que as startups diferem das empresas tradicionais em diversos aspectos, principalmente na origem, planejamento, modelo de negócio, crescimento e inovação. Enquanto as empresas tradicionais costumam surgir para atender uma necessidade específica e seguir um planejamento financeiro completo com uma estrutura hierárquica bem definida, as startups surgem de oportunidades, tendências ou soluções inovadoras, com uma organização mais flexível e com poucos cargos formais. O modelo de negócio das startups é voltado para o desenvolvimento e aprimoramento contínuo, buscando escalar rapidamente com o mínimo de recursos e estrutura. As empresas tradicionais, por outro lado, geralmente operam com fluxos estruturados voltados para processos internos e crescem em um ritmo mais gradual. A inovação é o cerne das startups, que buscam soluções disruptivas, enquanto as empresas tradicionais podem enfrentar mais dificuldade em implementar mudanças inovadoras.
O conceito de startups teve seu início no Vale do Silício, nos Estados Unidos, um dos maiores polos de inovação do mundo. Esse movimento pioneiro foi impulsionado por visionários, que acreditavam em um modelo de negócios guiado pela inovação e adaptável às rápidas mudanças do mercado. Desde então, o termo “startup” passou a ser associado a empresas que buscam resolver problemas ou explorar oportunidades de forma inovadora, com uma estrutura mais leve e flexível do que as empresas tradicionais. Esse conceito ganhou espaço no Brasil, embora empreender no país ainda envolva desafios únicos e, muitas vezes, seja rodeado por expectativas idealizadas. “Empreender no Brasil não é fácil e, muitas vezes, as pessoas têm uma visão idealizada do que é ser empreendedor,” começou Bruno. Ele explicou que a realidade é bem diferente da imagem de liberdade e riqueza associada aos empreendedores. “A maioria das empresas demora anos para dar lucro,” afirmou.
Apesar dos desafios enfrentados pelas startups no Brasil, o cenário tem se mostrado promissor. De acordo com o LinkedIn, até junho de 2024, o país ultrapassou a marca de 13 mil startups, demonstrando que, mesmo em um ambiente desafiador, o empreendedorismo continua a crescer e a se expandir. No entanto, o caminho para o sucesso não é fácil. Estima-se que cerca de 70% das startups fechem antes de completar 20 meses de funcionamento.
Segundo Bruno, um dos maiores erros cometidos por novos empreendedores é não estarem preparados para a complexidade do processo de gestão. “Se o empreendedor não tiver uma boa gestão, o negócio não vai sobreviver. A gestão de pessoas, de processos e de finanças é essencial,” alertou. Nesse contexto, ele defende que os empresários devem se focar em habilidades além de apenas a inovação de produto. No início, é preciso ser vendedor, negociar com investidores e clientes, e gerenciar uma equipe.
A importância de estar preparado
Ao abordar a questão da adaptabilidade, Bruno ressaltou que o sucesso de uma startup depende da capacidade do empreendedor de entender e se adaptar ao mercado. “Pessoas mais maduras, acima dos 30 anos, têm uma probabilidade maior de ter sucesso, pois já possuem uma compreensão mais ampla do mercado e dos desafios do negócio,” observou Bruno. Para ele, a ideia da startup precisa estar mais madura, refletindo uma visão de longo prazo e conhecimento do setor.
Guilherme concordou com essa análise, ressaltando que a persistência e a adaptação ao mercado são decisivas para o sucesso. “O mercado é quem valida a ideia. O empreendedor pode achar que o seu produto vai ser um sucesso, mas é o mercado que vai testar essa inovação e dizer se ela vai prosperar,” afirmou.
Buscar investidores: O papel dos investidores-anjo
Uma das maiores dificuldades para quem está começando é garantir o financiamento necessário para tirar a ideia do papel. Guilherme compartilhou a experiência da Stars Aceleradora, que oferece não apenas capital, mas também orientação estratégica para startups em fase inicial. Fundada em 2017, a Stars é uma rede de investidores-anjo que já acumulou mais de 35 milhões de reais investidos em cerca de 30 startups.
“A nossa missão é buscar negócios fora do radar tradicional. O modelo da Stars é diferenciado porque combina o investimento financeiro com a capacitação e desenvolvimento regional. “Nós não somos um fundo de investimento tradicional. Nosso modelo de negócio é mais fracionado, e os investidores têm a chance de participar ativamente das escolhas e na gestão das startups,” explicou ele.
O perfil do investidor-anjo
Uma das figuras centrais nesse processo de captação de recursos é o investidor-anjo, como explicou Guilherme. “O investidor-anjo é aquele que faz o primeiro ou o segundo cheque, quando o negócio ainda está validando o produto e não tem muitos clientes. O risco é alto, mas ele acredita na visão do empreendedor,” disse. Para ele, o investimento anjo é uma análise muito mais qualitativa do que quantitativa, dado que as startups em estágio inicial não apresentam muitos dados financeiros.
No caso da Stars, o grupo de investidores pode fazer cheques a partir de 72 mil reais e, em seguida, aportar valores maiores conforme o desenvolvimento do negócio. Guilherme também comentou que, ao contrário dos fundos tradicionais, a Stars Aceleradora se preocupa com a gestão das startups, não apenas com o retorno financeiro. “Nosso objetivo é garantir que o empreendedor tenha suporte na gestão do seu negócio. Investir é importante, mas é a gestão que vai garantir o sucesso da startup.”
O impacto da IA no empreendedorismo
A conversa também abordou as novas tendências tecnológicas, especialmente a Inteligência Artificial (IA), e como ela pode transformar o mercado de startups. Bruno compartilhou como a Stars já utiliza IA em seus processos internos, como no desenvolvimento do IA Manager, um sistema automatizado de atendimento ao cliente. “A IA ajuda a aumentar a produtividade. Com ela, uma pessoa pode fazer o trabalho que antes demandava várias outras,” explicou ele.
Além disso, Bruno mencionou exemplos de como a IA já está impactando outras indústrias, como na criação de campanhas publicitárias. “Recentemente, a Adidas fez sua primeira propaganda utilizando apenas IA, sem a necessidade de contratar atores ou grandes equipes,” comentou.
Contudo, ele também destacou os riscos que a tecnologia pode trazer, como o aumento da fraude e da desinformação. “Com a IA, surgem novas preocupações, como a manipulação de imagens e vídeos. Já vimos casos de pessoas sendo enganadas por vídeos falsificados, e isso pode gerar muitos problemas,” alertou.
Empreender com visão e estratégia
Abrir uma startup no Brasil pode ser um caminho desafiador, mas também repleto de oportunidades. A chave para o sucesso, segundo os entrevistados, está na preparação, na adaptação ao mercado e na capacidade de encontrar os parceiros certos, como os investidores-anjo. Mais do que uma boa ideia, o empreendedor precisa de uma gestão eficiente e de um bom suporte financeiro e estratégico para que seu negócio prospere.
Guilherme e Bruno concordam que, embora o empreendedorismo envolva riscos, ele também pode ser uma jornada extremamente recompensadora para quem está disposto a aprender, se adaptar e, acima de tudo, agir com visão de longo prazo.
Conheça um pouco mais sobre os entrevistados
Guilherme Osellame
- Livro que mudou sua vida? A revolta de Atlas
- Um sonho ainda não realizado? Chegar aos mil investidores
- Maior conquista que te enche de orgulho? Os 400 investidores
- Medo que te impulsiona a melhorar? De decepcionar as pessoas importantes
- O desafio mais empolgante que você se propôs? Criar a captação em Lajeado com 23 anos de idade
- Qual hábito diário mais impacta positivamente sua vida? Leitura
- Filme ou série que te inspira a empreender? Naruto
- Qual conselho você daria ao seu eu mais jovem? Paciência
- Música pop ou rock que te dá energia? Back in black de Ac/Dc
- O que seria seu “luxo” essencial? Um café especial
- Causa ou valor pelo qual você luta? A democratização do investimento em startups
- Alguém ou algo que te motiva a seguir em frente? Minha família
- Como você se imagina daqui a 5 anos? Passando dos mil investidores
Bruno Sartori
- Livro que mudou sua vida? A única coisa
- Um sonho ainda não realizado? Ter mais dois filhos
- Maior conquista que te enche de orgulho? Minha filha, minha família
- Medo que te impulsiona a melhorar? Não poder acompanhar meu filhos
- Um desejo que ainda não colocou em prática? Impactar o mundo com novas soluções
- O desafio mais empolgante que você se propôs? Estar junto com a Stars
- Qual hábito diário mais impacta positivamente sua vida? Ir para academia todos os dias
- Filme ou série que te inspira a empreender? How I Met Your Mother
- Qual conselho você daria ao seu eu mais jovem? Ter começado a vender antes
- Qual marca você quer deixar para o mundo? A lealdade
- O que seria seu “luxo” essencial? Adoro café
- Causa ou valor pelo qual você luta? Humildade
- Alguém ou algo que te motiva a seguir em frente? Minha família
- Algo que você evita ou prefere manter distância? Preguiça e desculpa
- Como você se imagina daqui a 5 anos?
- Onde você se vê daqui a 5 anos? À frente de uma empresa global que investe em inovação.Confira o programa completo