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Em Curitiba, professora é vítima de racismo e volta ao supermercado de lingerie como forma de protesto

Supermercado emitiu nota informando que não identificou indícios de abordagem indevida e que lamenta o ocorrido

Por Ligado no Sul11/04/2023 11h46
Foto/Reprodução Instagram

Fruto de indignação, uma cena viralizou nas redes sociais nos últimos dias. Depois de ter sido mal tratada em um supermercado em Curitiba, a professora Isabel Oliveira voltou ao local seminua em protesto à situação vivenciada. Vestindo apenas calcinha e sutiã, ela esteve na loja do Atacadão, na última sexta-feira, 7, depois de, um pouco antes, ter sido seguida por um segurança enquanto fazia compras. Ao se despir, a intenção foi mostrar que não portava nenhum tipo de arma ou escondia algum produto.

Isabel também é atriz e contadora de histórias. Foi ao mercado no início da tarde daquele dia para comprar itens para o almoço e fórmula para a filha de um ano e dez meses. No intervalo em que esteve no local, um funcionário da segurança começou a segui-la. O funcionário até tentou disfarçar, mas Isabel percebeu sua atitude. Diante da intimidação, ela resolveu perguntar ao homem se era uma ameaça, ao que ele respondeu que apenas cuidava do setor.

Isabel, vítima de racismo em outras ocasiões, não aceitou a versão e começou a fazer um escândalo. Muitas pessoas que estavam no hipermercado lhe deram razão e a incentivaram a acionar a polícia, mas pelo 190 o atendente se recusou a enviar uma viatura, dizendo que o que Isabel relatava não era o bastante para isso. Foi aí que ela resolveu se manifestar pelo Instagram. Também ligou para o marido, que deixou os filhos em casa, e foi até o local para apoiá-la.

Mesmo sabendo que poderia ser detida por atentado ao pudor, a professora teve a ideia de ir novamente à loja apenas com as vestes íntimas. Ela escreveu em seu corpo os dizeres “eu sou uma ameaça?” e, depois de entrar, tirou a roupa.

Ela foi abordada por outro segurança, e explicou que agia assim para que soubessem que não era um perigo para ninguém. Isabel e o marido, em seguida, compraram a fórmula para a bebê, pagaram e foram para casa. Tudo foi registrado e transmitido ao vivo pelo Instagram.

Em nota, o atacadão respondeu que: “A empresa informa que apurou o caso, ouvindo os funcionários e analisando as imagens de câmeras de segurança, e não identificou indícios de abordagem indevida. Desde as primeiras manifestações da cliente no local, a supervisão e a gerência da loja se colocaram à disposição para ouvi-la e oferecer o devido acolhimento. Lamentamos que a cliente tenha se sentido da maneira relatada, o que, evidentemente, vai totalmente contra nossos objetivos. A empresa possui uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento discriminatório ou abordagem inadequada. Realiza treinamentos rotineiros para que isso não ocorra e possui um canal de denúncias disponível, dando total transparência ao processo. Ressaltamos, ainda, que nosso modelo de prevenção tem como foco o acolhimento aos clientes, com diretrizes de inclusão e respeito que também são repassadas aos nossos colaboradores por meio de treinamentos intensos e frequentes.”

Nesta segunda-feira, dia 10, a Polícia Civil de Curitba informou que abriu inquérito e que ouvirá testemunhas, funcionários e gerentes, além de averiguar as câmeras de seguranças, internas e externas.

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