Presidente do SindArroz-SC critica: “Governo federal espalhou fake news sobre falta de arroz”
Uma grande preocupação tomou conta do setor de agronegócio no Brasil, especialmente entre os produtores de arroz. O governo federal insiste em importar arroz, alegando que as enchentes no Rio Grande do Sul afetaram a produção nacional. No entanto, os produtores discordam, afirmando que não há necessidade dessa medida. Para complicar ainda mais a situação, surgiram suspeitas de fraude no processo de licitação para a compra desse arroz, levando à demissão de Neri Geller da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, responsável pela licitação e ao cancelamento do leilão.
Em entrevista ao Jornal da Guarujá, o presidente do SindArroz-SC, Walmir Rampinelli, questionou a veracidade da necessidade de importação e destacou a suficiência do estoque nacional. “Primeiro, foi o governo que espalhou essa fake news de que faltaria arroz no Brasil quando anunciou a importação de 1 milhão de toneladas. Hoje, a própria Conab publicou que temos arroz suficiente”.
De acordo com Rampinelli, a previsão inicial da Conab era de uma colheita de cerca de 11 milhões de toneladas, enquanto o consumo nacional é de 10,5 milhões de toneladas, o que garantiria uma margem confortável. Além disso, ele ressaltou que Santa Catarina, um dos principais estados produtores, já havia colhido 100% das suas lavouras antes das enchentes no Rio Grande do Sul, com uma redução mínima de apenas 1% em relação à safra anterior.
Rampinelli ainda explicou que as enchentes afetaram principalmente o Vale do Taquari e Jacuí, e que a perda estimada seria em torno de 500 mil sacas. “Isso não quer dizer que os 16% que faltavam colher se perderam. Algumas regiões não foram atingidas pelas enchentes,” completou.
O leilão para a importação de arroz, que culminou na contratação de empresas não especializadas no setor, levantou suspeitas de irregularidades. Rampinelli destacou que empresas vencedoras, como uma produtora de queijo e uma locadora de máquinas, não têm histórico na comercialização de arroz. “As quatro empresas que entraram no leilão não comercializam arroz normalmente, o que nos gera suspeitas de uma grande possibilidade de direcionamento,” disse o presidente do SindArroz-SC.
Além das suspeitas de fraude, Rampinelli alertou sobre as consequências negativas dessa importação massiva, como a paralisação de indústrias brasileiras e a demissão de trabalhadores. Ele mencionou que a importação de 1 milhão de toneladas de arroz poderia resultar na paralisação de todas as empresas do setor no Brasil por até 35 dias.
O escândalo levou à demissão do secretário de Política Agrícola, Neri Geller , após a revelação de conexões suspeitas entre as empresas envolvidas no leilão e antigos assessores do secretário. A medida foi vista como um passo na direção certa, mas Rampinelli destacou a necessidade de um diálogo mais aberto entre o governo e os produtores.
“O SindArroz tinha emitido uma nota solicitando o cancelamento do leilão e propomos agora ao ministro e ao próprio presidente que sentem com todo o setor para discutir soluções,” concluiu Rampinelli. O presidente do sindicato reiterou que o governo deve considerar as sugestões dos produtores e buscar alternativas que não prejudiquem a cadeia produtiva nacional.
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