Casa Guido realiza roda de conversa sobre diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil
Com o tema ‘Capacitar para Salvar’, a Casa Guido promoveu uma roda de conversa, na noite dessa segunda-feira (11), na cidade de Tubarão, no salão nobre da Fundação InoversaSul. Profissionais da instituição conscientizaram sobre a importância de observar os sinais e sintomas na saúde das crianças e adolescentes.
O evento contou ainda com a presença de pais de crianças e adolescentes, profissionais da saúde, vereadores e apoio institucional da Escola do Legislativo da Câmara de Vereadores de Tubarão e da Fundação InoversaSul.
O assistente do programa de diagnóstico precoce da Casa Guido, Schneider Neves, elencou os trabalhos realizados pela instituição, que compreendem assistência familiar, apoio psicológico, nutrição, fisioterapia, pedagogia, assistência jurídica, suporte médico, agendamento de consultas e exames, medicamentos e tudo o que o SUS não cobre ou não consegue entregar em tempo hábil.
O foco da conversa foi em relação aos sinais de possíveis doenças, que precisam ser atentamente observados. “Criamos o programa Diagnóstico Precoce, que envolve toda a população em geral, para mudar o olhar em relação ao câncer infanto-juvenil. O câncer em crianças e adolescentes pode chegar a cura, temos muitos casos que provam isso”, pontua Schneider.
“O diagnóstico precoce proporciona, além da cura, a qualidade de vida. Muitas vezes por falta de informação dos pais, medo do diagnóstico da doença, alguns entraves e outros fatores acabam tardando o diagnóstico. O diagnóstico precoce pode dar até 80% de chance de cura. Mas quando é tardio, pode chegar a 30% de chance”, salienta a biomédica da Casa Guido, Ana Caroline Francisco.
Ela explicou ainda a diferença entre o câncer em adultos e crianças. “Alguns tipos de câncer em adultos é possível prevenir, por muitas vezes ser decorrente de fatores externos. Já no caso das crianças, não se pode falar de prevenção, e sim de diagnóstico precoce”, ressalta. Ela acrescenta que apesar de ser uma doença rara em crianças, atualmente é a que mais mata.
Casos reais
A roda de conversa contou ainda com a participação de dois casos de pacientes – um que já passou pela Casa Guido em 2015 e recebeu a cura e outro que está enfrentando o câncer atualmente e está recebendo o apoio da instituição.
Jaqueline Fernandes, mãe de Davi, recebeu o diagnóstico do filho quando ele tinha 7 anos de idade, em 2015: leucemia mieloide aguda. Após procurar alguns profissionais, seu sexto sentido materno falou mais alto e ela percebeu que tinha algo errado. Após seis meses, a família, que é da cidade de Tubarão, teve a confirmação da doença.
“Tivemos todo o apoio necessário, pois tivemos que ficar por muitos meses com o Davi internado no hospital, nesse período a Casa Guido lavava as nossas roupas, secava e nos entregava. Passamos praticamente um ano dentro do hospital, por isso eles foram imprescindíveis, nos forneceram hospedagem, medicação e todo o suporte”, relembra. Hoje Davi está com 16 anos e totalmente curado da doença.
Outro caso que recebeu destaque foi do pequeno Guilherme, de 7 anos de idade, conhecido carinhosamente pelos profissionais da instituição como ‘Gui’, que é atendido atualmente. Ele foi diagnosticado com osteossarcoma, tipo mais comum de câncer que surge nos ossos e se alojou na perna direita do pequeno Gui, há cerca de dois anos.
“Ficamos na Casa pois somos de Jaguaruna, o Gui adorava ficar lá, principalmente brinquedoteca, que é enorme, sempre adorou estar na Casa Guido. Sempre tinha café, almoço, janta e também a hospedagem”, comenta a mãe, Elizandra Costa.
Ela contou como foi a descoberta da doença. “Tudo começou com um tombo que ele levou e machucou a perna e reclamou por muitos dias de dor na perna, pensávamos que era dor muscular. Fomos ao hospital e fizemos um raio x, e por orientação médica procuramos um médico ortopedista. Investigamos na mesma semana e fizeram uma biópsia e veio o diagnóstico de osteossarcoma”, relembra.
Elizandra diz que o tumor tinha o tamanho de 10cm, no osso da perna direita. “Foi tudo muito rápido, logo começamos o tratamento por oito meses e em pouco tempo o tumor passou para 14cm. Para salvar a vida dele, tivemos que amputar a perna dele para o câncer não progredir”, explica.
“Na época que precisou ser amputada a perna eu pensei ‘como vou conseguir? Custa mais de 30 mil’. Ele amputou em janeiro e em fevereiro a Casa Guido já tinha conseguido a prótese, foi muito rápido. Nós somos muito gratos. Vivemos um luto, nesse período, e recebemos não só apoio financeiro da Casa Guido mas também apoio emocional”, relata Elizandra. Após um tempo, apareceram mais nódulos e Gui precisou retomar a quimioterapia, finalizando o tratamento em agosto deste ano.
Doações
A responsável pela captação de recursos da Casa Guido, Patricia Guralski, aproveitou o evento para falar sobre as doações, de que forma pessoas físicas e jurídicas podem contribuir e como são empenhados os recursos.
“Através das doações, arcamos com consultas, cirurgias, medicamentos e damos todo o suporte necessário. As principais fontes de recursos são através de projetos sociais aprovados no Fundo da Infância e da Adolescência (FIA) e também através das empresas que destinam parte de seus recursos, e claro, através das doações em geral”, frisa.