Mente em Sintonia: Como lidar com o transtorno de personalidade Borderline?

Toda última quarta-feira do mês, a psicóloga Vanesa Bagio compartilha seu conhecimento sobre saúde mental. E hoje, Vanesa abordou o transtorno de personalidade borderline, um tema que desperta curiosidade e apreensão em muitas pessoas, mas que, ao mesmo tempo, ainda é pouco compreendido.
O transtorno de personalidade borderline, explicou Vanesa, é caracterizado por dificuldades intensas nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e nas questões afetivas. “Falando sobre isso, pesquisando muito sobre o tema e com base nos meus pacientes, alguns traços começam a se manifestar ainda na infância. Porém, como é um transtorno de personalidade, não conseguimos diagnosticar na infância. A criança vai, com o tempo, transformando sua personalidade, e podemos observar os sinais com mais clareza na adolescência”, detalhou a psicóloga.
Vanesa também trouxe à tona o significado do termo “borderline”, uma expressão inglesa que, traduzida literalmente, significa “limite”. “Quando se diz ‘estou no meu limite’, é uma boa maneira de entender o que significa o transtorno. A pessoa com borderline vive no limite das emoções. Ao mesmo tempo que ela sente ódio, ela também sente amor de forma intensa, gerando uma instabilidade emocional constante”, explicou Vanesa.
Essa instabilidade, segundo ela, é visível no comportamento diário da pessoa. “Quando a pessoa com borderline cai emocionalmente, ela cai de verdade. Quando ama, ela ama profundamente, mas, ao perceber mudanças no comportamento do outro, pode mudar radicalmente de atitude, indo do amor ao ódio rapidamente. Isso gera um sofrimento enorme, porque ela não consegue controlar suas emoções. A pessoa vive o tempo todo nesse limite.”
Vanesa também abordou a confusão entre o transtorno borderline e o transtorno bipolar. “Muitas pessoas confundem com bipolaridade, mas o transtorno bipolar é diferente. A bipolaridade se manifesta de forma mais constante, com mudanças de humor ao longo de semanas. O borderline, por outro lado, pode ter uma mudança de humor no mesmo dia. No transtorno de personalidade borderline, a pessoa pode passar de um estado de euforia para uma profunda tristeza em poucas horas.”
O transtorno borderline pode estar associado a ideações suicidas e automutilação. Vanesa mencionou que, em muitos casos, esses pacientes se sentem tão sobrecarregados emocionalmente que recorrem ao corte como uma forma de aliviar a dor interna. “Quando não há pensamentos suicidas, o paciente pode se automutilar. Ele começa a se cobrar excessivamente e a sentir-se errado, buscando formas de lidar com as emoções intensas. A automutilação é uma forma de dar um ‘alívio’ momentâneo para a dor psicológica”, relatou.
Vanesa também falou sobre o medo de abandono, um dos principais fatores que alimenta o transtorno. “O medo de ser abandonado é constante. Isso afeta profundamente a vida afetiva da pessoa, especialmente nas relações familiares. Quando um dos pais não dá a atenção necessária, a criança com traços borderline pode se sentir abandonada e intensificar sua busca por afeto de forma desesperada”, explicou.
Ela destacou ainda como esse transtorno pode afetar o comportamento das pessoas ao redor. “Se alguém está perto de uma pessoa com borderline e não oferece a atenção esperada, ela pode criar uma sensação de raiva, acreditando que está sendo abandonada. Isso pode levar a atitudes impulsivas e até agressivas, sem que a pessoa tenha tempo para refletir sobre suas ações.”
A psicóloga falou sobre os sintomas do transtorno de personalidade borderline, que incluem impulsividade, raiva inadequada, instabilidade emocional, sensação de vazio e a alternância entre idealização e desvalorização das pessoas ao redor. “Essa alternância cria um ciclo de relacionamentos intensos, mas volúveis. A pessoa com borderline pode ser extremamente amorosa e, em questão de minutos, voltar-se contra a pessoa que, naquele momento, não está atendendo às suas expectativas”, detalhou Vanesa.
Vanesa também comentou sobre a importância do tratamento para pessoas com transtorno borderline, que envolve tanto medicação quanto psicoterapia. “O tratamento é fundamental e envolve uma abordagem interdisciplinar. A medicação é necessária para controlar os sintomas, mas a psicoterapia é essencial para ajudar o paciente a lidar com suas emoções, entender o que é real e o que é distorcido por sua mente. Também é importante cuidar da alimentação, do sono e de outros aspectos da saúde física”, afirmou.
Ela concluiu destacando a importância de um apoio adequado para esses pacientes. “Muitas vezes, as pessoas não compreendem o sofrimento de quem tem borderline. Mas é essencial que, quando alguém se aproxima de um paciente com esse transtorno, se procure ser mais empático e entender que, por trás de comportamentos impulsivos e intensos, há uma dor profunda que precisa ser tratada.
Confira!
Para mais informações sobre o trabalho de Vanesa Bagio e dicas sobre saúde mental, visite seu perfil no Instagram @vanesabagio.psi ou agende uma consulta em seu consultório localizado no Edifício Cidade das Colinas, Rua João Ramiro Machado, 321 – Sala 6, Centro de Orleans.
Confira entrevista completa