O vice-prefeito de Lages, Jair Júnior, foi formalmente acusado e se tornou réu por violência doméstica após decisão da Justiça. A denúncia foi aceita pela 3ª Vara Criminal da comarca de Lages nesta quarta-feira, 16 .

O caso veio à tona na noite de 22 de março, quando Jair Júnior foi preso em flagrante, acusado de agredir e manter a ex-namorada trancada em sua residência por cerca de 12 horas. A vítima registrou boletim de ocorrência e apresentou evidências do crime, incluindo áudios e vídeos das agressões.

Após a prisão, o político foi liberado após pagar fiança em audiência de custódia. Ele também se afastou do cargos de vice-prefeito e foi desligado da direção da Semasa (Secretaria Municipal de Águas e Saneamento).

Além disso, a Câmara de Vereadores de Lages recebeu dois pedidos de impeachment contra Jair Júnior, protocolados por representantes da sociedade civil.

O político responderá judicialmente pelas acusações e deverá se submeter ao andamento do processo.

Defesa de Jair Júnior critica divulgação pública da denúncia

Em nota oficial, o advogado de Jair Júnior, Francisco Ferreira, manifestou indignação com a divulgação pública da denúncia apresentada pelo Ministério Público, ressaltando que o processo tramita sob segredo de justiça. Segundo o defensor, a divulgação da acusação, especialmente por meio do site do Ministério Público de Santa Catarina, violaria princípios legais ao expor informações confidenciais do caso.

“A defesa recebe com grande perplexidade a informação pública, que foi inclusive estampada em site próprio do Ministério Público do Estado de Santa Catarina, dando ampla divulgação à denúncia apresentada hoje na Vara Criminal de Lages. O processo, desde o início, tramita em segredo de justiça, e o MP, como guardião da lei, jamais poderia violar esse segredo”, afirma Ferreira.

O advogado também reforçou que Jair Júnior ainda não é formalmente réu no processo. “O vice-prefeito Jair sequer é réu, como tem sido citado até aqui, não foi sequer intimado, sequer citado para apresentar a resposta à acusação”.

Denúncia revela detalhes de agressões e cárcere privado

O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) formalizou a denúncia contra Jair Júnior, apontando vários crimes de violência doméstica, incluindo agressão e cárcere privado. Segundo a denúncia, o vice-prefeito de Lages teria agredido a vítima, uma mulher com quem mantinha um relacionamento, pelo menos uma vez antes do episódio que culminou em sua prisão. O primeiro episódio ocorreu no início do ano, logo após sua posse no cargo público, quando o agora réu teria agredido a jovem por ela se recusar a postar uma foto com ele nas redes sociais. O MPSC destaca que os crimes estão previstos no Código Penal brasileiro, e o objetivo da denúncia é que Jair Júnior seja condenado.

O caso mais recente ocorreu na noite de 22 de março, quando, após um encontro frustrado para tentar reatar o relacionamento, Jair Júnior teria forçado a vítima a entrar em seu veículo levando-a à força até sua residência. Uma vez no local, ele teria trancado todas as portas e janelas, ligado o ar-condicionado para evitar que os vizinhos ouvissem qualquer pedido de socorro e, em seguida, tentado acessar o celular da vítima. Quando ela se recusou a entregar a senha do aparelho, ele a agrediu fisicamente, dando tapas no rosto e sufocando-a com um travesseiro. A jovem só foi liberada após prometer que não o denunciaria, mas, mais tarde, foi convencida por sua irmã a registrar o boletim de ocorrência.

A denúncia também descreve uma série de episódios de perseguição e ameaças por parte de Jair Júnior, como o acompanhamento da vítima até sua casa, o envio de mensagens ameaçadoras e tentativas de espionagem através do Instagram. O processo segue em andamento e, segundo o Ministério Público, a acusação de violência doméstica deverá ser apurada com rigor.